sábado, 5 de setembro de 2015

A Espera do Tempo Perdido


Acordei com um suspiro forte, olhei para os lados e fixei o olhar no teto repassando o que deveria fazer durante aquele dia. Fechei os olhos novamente e desejei que algo de mágico acontecesse, um telefonema, um e-mail, uma carta, um telegrama, qualquer uma das opções já seria revolucionária, queria apenas que uma delas chegasse. Depois de alguns segundos, tomada por um suspiro que buscava forças de onde quer que fosse, levantei, tomei um banho, preparei um café bem quente e parti.

Enfrentava mais um dia de salas de espera, pessoas ocupadas e um mundo mal humorado. Ser representante de medicamentos não foi uma escolha, só mais uma tentativa insana de achar a peça que faltava. No inicio foi calmo, não encaixava, mas era só mais uma onda a ser enfrentada. Depois o clima começou a ficar tempestuoso, as ondas quebravam cada vez mais fortes e eu começava a me afogar. Permanecia no fundo do mar, era o meu esconderijo, as ondas quebravam, a tempestade continuava, eu permanecia escondida no fundo do mar, sentia o turbilhão passando, mas nada podia me atingir, só permanecia paralisada, suspirando, suspirando. 

Sentada em um sofá, aguardando mais uma "brechinha" no horário de quem iria me atender, observava o relógio pendurado na parede oposta, cada minuto que passava sentia como se fosse um minuto perdido, um minuto sem ter feito algo que pudesse mudar aquela espera. Todos os dias escolhia atividades de escape para aqueles momentos, mas nada conseguia suprir aquela sensação de que o tempo estava se esvaindo e que eu não tinha coragem o suficiente para tomar uma atitude de verdade. Permanecia paralisada, apenas suspirando.

*personagens e história fictícia.

Um comentário:

  1. Acho que só o sentimento de impotência deve ser pior do que o de medo de tomar uma atitude.
    Sentimento agoniante e desconfortável, tal como a espera na recepção do consultório.
    ;)
    Bjuxxxxx

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