Sabe aqueles livros que te dão vontade de viajar?! Quando terminei de ler Amazônia tive vontade de comprar uma passagem e refazer todo o percurso citado no livro, e incluir algumas cidades que eu já tinha vontade de conhecer. A Marli escreveu o livro com tanta riqueza de detalhes e realismo, que fica impossível não ter vontade de ir lá e ver tudo de pertinho, experimentar as comidas, conversar com todos.
Rafaela é uma menina super inteligente que sonha em ser escritora, Amazônia vai ser a sua inspiração e onde ela vai poder se conhecer um pouco mais, e quem sabe encontrar um amor. Camila é do tipo brincalhona, adora dormir um pouco mais e sonha em conhecer seu amigo virtual Maurício. Ana Carolina é do tipo que acredita que devemos lutar por nossos sonhos, e o dela é encontrar onde a estrela dela brilha. Joana é centrada, responsável, e batalhadora.
As quatro amigas decidem passar as férias na Amazônia, Daniel, tio de Joana, é o guia das meninas, um homem por volta de seus 40 anos que sabe tudo sobre história, e vai ajudar as meninas nessa jornada, sem contar que é super charmoso. A aventura deles dura 10 dias, começa em Manaus (lugar que me lembrou muito de uma querida amiga minha, que morou durante anos lá e sempre me contava as histórias da cidade), depois foram para Parintins, Santarém, Fordlândia e Belém.
O livro não é um romance tradicional, é um livro de história que traz o romance nas entrelinhas, mas que deixa o leitor com vontade de ver uma continuação com o romance sendo o foco do livro. A autora fez questão de falar dos marcos de cada cidade contando a história de cada um deles, levantou algumas discussões sobre a biopirataria e sobre o abandono do governo, contou algumas lendas e crendices, falou de alguns sucos e pratos típicos, e deu uma lição de vida.
Sabe o que o livro tem de negativo? Ele mostra de forma bem realista a "alienação" que as pessoas tem sobre o Norte e Nordeste, o que acaba sendo um ponto positivo pra escritora, pois ela conseguiu retratar esse detalhe de forma bem realista. Confesso que em certas passagens em que os personagens se surpreendiam com o fato das cidades visitadas serem civilizadas, me dava vontade de sacudir cada um deles e perguntar em que século eles achavam que o N e o NE ficaram presos, incluo o meu NE nessa revolta (mesmo o livro não citando o NE) pois assim como o pessoal do N é comum escutarmos absurdos sobre a nossa terra, tipo o Danilo Gentili na sexta dizendo que Belém fica no NE, alguém viu?!
O livro tem uma linguagem fácil, a leitura é leve e envolvente, que te faz mergulhar nas histórias dos personagens que as meninas vão conhecendo ao longo do caminho. A autora conseguiu trazer um conteúdo didático de uma forma bem dinâmica, que você aprende a história e lenda dos lugares citados, sem se tornar algo chato, ou cansativo. Me identifiquei muito com a Rafaela, os sonhos dela, os medos, a teimosia, mas amei o desfecho da Ana Carolina, e a coragem dela lutar por seu sonho. Ana quero te visitar e conhecer o seu trabalho um dia ;D
Marli Jachnkee é de Blumenau-SC, mas mora em Ascurra (cidade das quatro amigas), já morou durante um ano em Cusco-Peru. Para escrever Amazônia: Um caminho para o sonho ela precisou de uma extensa pesquisa e conviver com os nortistas por um tempo para dar realidade para a obra que já está ganhando continuação. E a lição do livro?!
Acredite nos seus sonhos, e não desista deles!